segunda-feira, 3 de junho de 2013

Da goiabeira ao sonho



Desci da goiabeira e fui direto para a garagem. Através do muro, lógico. Minha idade permite certas manobras. E embora haja tanto tempo a perder, por que deixá-lo esvair dando a volta até o portão.
Atravesso pelo lado direito da casa, observo os detalhes no alto da parede da garagem, permitem que a luz adentre, são bem parecidos com os da casa da minha avó. Sigo até a área da churrasqueira e do tanque. Dou uma olhada na despensa que fica fora de casa, numa casinha adjacente à área de limpeza. Dois objetos em especial me chamam atenção dentro daquele muquifinho. Uma peixeira do meu pai, lembra uma espada, quase um machete, e os cascos de uma tartaruga, pescada numa época que não havia vergonha em dizer isso. Deu um belo de um almoço.
Viro a esquerda no corredor que é a parte detrás da casa. Subo a escada para entrar na porta de metal, que está aberta. Puxo uma caixa cheia de brinquedos, mais precisamente bonecos, homenzinhos, na verdade personagens. Trata-se de um mundo de guerras violentas, lutas sangrentas, aventuras excitantes.
Deitado no chão gelado, ali eu construí esse texto. E todos os textos que viria a escrever, todas as canções. Todas as fantasias que me habitam. Todos os sonhos que me visitam. Ali foram minhas horas da infância. Acho que ali eu aprendi como sobreviver à solidão, pois não importa o quanto se está só, sempre há nossas histórias, cheias de gente.

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