segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Gabriela sem graça

Olha que cara mais fechadinha, e pensava eu que tinha um show por trás dessa cortina. Talvez até tivesse, mas nunca descobriria. A história do meu primeiro amor é nitidamente uma história de duas vias. Eu imaginava, ela existia, e nada tinha de parecido as duas versões de menina.  Cabelos castanhos escuros, bochecha de criança, parecia uma adulta. Sem graça, sem doce, parecia ter vindo a passeio. A gente brincava, se sujava, gritava como crianças, ela sempre limpinha demais, quieta como uma vasilha. Nada mais desinteressante. Não quis disputar uma só prova da gincana, imagina recusar uma corrida do ovo? Quem sabe o bingo, a Nana é quem chama as pedras, ela sabe ser divertida, ledo engano, sentada continuava a menina.
Eu, criança que era, ainda desconhecia como a perfeição é uma faca de dois gumes, a Gabriela era tão perfeitinha, tanto mais, que até a beleza ela perdia. Hoje vejo a imagem, fica velado o segundo depois na fotografia, e neste há sempre a possibilidade de ter sido sorriso, porém quebro a expectativa, a cara continuou fechadinha.

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