segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Preto

Filho de pai branco e mãe negra. Nasci branco. E fui ficando negro. Atingi o máximo da minha negritude sob o sol da capital cuiabana. E embranqueci de novo sob as nuvens da capital curitibana. Já escutei que sou preto, negro, moreno, que não sou negro, que não sou da cor de um pneu, que sou cor de cuia. E até que sou branco... É verdade. Tá lá na minha certidão de nascimento. Gosto de rock, gosto de samba. Misturo rock com samba. Sonho em dançar capoeira. Casei com uma branca de olhos azuis esverdeados, ou verdes azulados.
Na infância tive três irmãos, um preto e dois brancos. Um ainda por cima era Alemão. Apenas o preto dividia a mãe e o pai comigo. 
Se me perguntam sou negro sem pensar muito. Mais por posição política. Por que não se pode perder a oportunidade de lutar uma batalha dessas. Aguardo o tempo em que essa resposta não seja relevante tanto quanto no fundo não é. Tenho histórias de preconceito em várias gerações da minha família. Por isso me forço em direção à guerra, freqüentemente abismado com a necessidade dessa luta. E se há uma guerra não me furtarei de escolher um lado. Minha cor? Oras, Preta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário