Os humanos,
enfim, alcançaram um patamar de civilidade, desenvolvimento científico e
tecnológico que os fizeram crer que a razão agora era senhora e eixo
consistente no seio da sociedade. E sendo assim, não era mais necessário partir
para atos primitivos, violentos, identificados como comportamentos irracionais,
animalescos. Éramos “homens civilizados”.
Eles estavam errados.
Uma seguida, da outra, as guerras mundiais foram tapas na cara, água no chope,
foi como se o rosto que se apresentava no espelho causasse surpresa a quem se
olhava. Não havia mais como fugir, as pessoas eram aquilo: violentas, agressivas,
irracionais, dadas aos atos mais bestiais, estupros, roubos, torturas. E pior,
eram capazes de institucionalizar a violência como ato justificável. Os avanços
culturais ainda não eram suficientes. Ainda éramos animais.
O que fazer diante dessa realidade?
Diante do ódio, qual a resposta? Essa sociedade humana optou por uma resposta
de amor. A Declaração de Direitos Humanos é essa resposta. Se somos capazes de
reduzir-nos uns aos outros a objetos de sadismo, de injustiça, de ódio, é
preciso garantir uma luta permanente contra nossos próprios horrores. É por
essa razão, isto é, por que somos capazes de nos destruir e por que somos
capazes de criar os argumentos mais morais – e até científicos – para
justificar nossa destruição, que é essencial a resistência permanente em favor
do respeito aos direitos humanos, especialmente onde a violência passa a ser
ato cada vez mais justificado.
Somos tantas nações,
tantas paixões, tantas crenças e interesses. Mas, nada, nada disso deve ser
motivo para ultrapassar o que ali está firmado, por que ali está o que há de
mais básico em termos de direitos. A partir dessa declaração é possível colocar
em questão e julgar qualquer evento que a contrarie, estabelecendo limites aos
estados, leis, religiões, manifestações culturais etc. Talvez não seja o
bastante, porém é um passo importante, um passo de palavra.
Muitos ainda não entendem a
importância da defesa dos Direitos Humanos, mas é por que não se deram conta
disso que os homens daquela época não tiveram dúvidas... Ou talvez não...
Talvez não saibam que é inócuo responder ódio com mais ódio. Enfim, decididamente
ainda não se deram conta que é da nossa própria violência que se trata. Trata-se
do que sou capaz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário