quarta-feira, 16 de abril de 2014

O filho do meu avô

Fico imaginando ele pelos céus. Atravessando as nuvens. Logo eu que penso que o homem não foi feito prá voar, e que não enfrento o vôo sem uma pitada de estranheza, ainda que sem medo. Já soube, mas não sei mais o seu nome. Não deve ter meu sobrenome, nem as minhas manias, também não deve portar a nossa questão fundamental, a minha e a dos demais homens da família, aquela que nos lança ao mundo em busca de resposta. Porém, deve ter a sua própria. O que significa ser da mesma família? Não basta ter os genes, bobagem irrelevante. É preciso dividir algo além de um monte de fatores microscópicos. O que o atravessa enquanto ele atravessa as nuvens? Será algo do qual partilho? Provavelmente não terei a resposta. Nunca saberei se tenho um familiar perdido por aí, pilotando aviões, ou se é apenas o filho do meu avô.

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