segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Culpada

Eu não queria? Sabia bem que aquilo não acabaria bem. Uma garota esperta sabe dessas coisas. Nem precisava ter um terceiro olho para isso. Então, como explicar tanta dúvida assim? A princípio era simples: "eu quero" ou "eu não quero". Mas estava ali sem saber. Pra mim seria um momento, e isso era tranquilo, mas pra ele o custo seria mais alto, o significado mais sublime. 

Então... Seria minha dúvida sobre justiça? Seria justo com ele? Se ele ainda fosse tão bonito quanto carinhoso, tão homem quanto amigo... Meu corpo ferveria mais vezes e talvez não houvesse indecisão. Mas ferver uma vez, sentados no sofá é permitido? Lógico. Mas ele entenderia? De todo modo, também não é minha culpa, acho que é por causa da música, do tempo, do carinho... E ele então?! Me levara a uma rua sem saída, eu já era dele naquela altura. Eu já sabia disso. E ele também sabia, por mais ingênuo que fosse. Aquele filha da puta! Isso que dá me deixar verificar como faz um livro. Ele me conhecia. Sim, aquele instante era premeditado. Oras... Então, a escolha foi dele e não minha. Como poderia me culpar?

Passaríamos a vida inteira ali e quem sabe ainda assim não chegaria a uma boa conclusão sobre o assunto. Em busca de algo que me absolvesse encontrei suas mãos. Seu toque na minha perna era prenúncio, era desarme, era a decisão que não pude fazer sozinha. Ninguém mais viu, mas eu resisti. Com forças curtas é verdade.  Ninguém viu, mas eu não queria. Ele não era meu tipo. Ninguém viu quando assim mesmo eu quis, irremediavelmente e de maneira incontestável.

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