segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A menina e o horizonte


Amava o horizonte. Com todas as forças que tinha dentro do peito. Com todo calor que lhe queimava a pele. Amava-o por estar à frente, onde o sol nasce e morre. Por estar sempre, todo tempo lá, ainda que invisível por detrás das barreiras naturais... E quem, hora ou outra, não está? Via, na sua beleza resplandecente, a poesia diária, insinuando o que havia de mais secreto dos seus pensamentos. Buscava uma pedra, prá ficar voltada para o mar, mas era ao horizonte em si, que dirigia os seus suspiros. Baixos para ninguém escutar. Fantasiados para ninguém perceber o seu amor velado. Amava-o pelo seu silêncio, pela sua paciência e discrição. Mas amava-o de maneira tão violenta, especialmente por ele estar, a cada passo seu, um passo mais longe. Inatingível como a perfeição. Ao horizonte restava o destino infeliz, de amar os olhos dela, distantes.

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